Diante do aumento de casos de intoxicação por metanol ligados ao consumo de bebidas alcoólicas adulteradas, o Ministério da Saúde anunciou um pacote de medidas estratégicas para reforçar a prevenção e ampliar a capacidade de resposta do país. As ações foram apresentadas nesta quinta-feira (2), em Brasília, pelo ministro Alexandre Padilha, durante reunião da Sala de Situação criada para acompanhar a evolução dos registros.
Entre as principais medidas está a formação de um estoque estratégico de 4.300 ampolas de etanol farmacêutico em hospitais universitários e serviços do SUS, em parceria com a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh). O medicamento é utilizado como antídoto em casos de intoxicação por metanol. Paralelamente, o ministério deu início à compra emergencial de mais 5 mil tratamentos para garantir a reposição rápida em estados e municípios.
Outra frente é a busca por fomepizol, considerado o tratamento mais eficaz contra o metanol, mas ainda indisponível no Brasil. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) abriu chamada pública para identificar fornecedores internacionais e, ao mesmo tempo, o governo oficializou um pedido à Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) para a doação imediata de 100 tratamentos. Também foi manifestada a intenção de adquirir outras 1.000 unidades por meio do Fundo Estratégico da organização.
“O conjunto de medidas é preventivo. O Brasil registra menos de 20 casos de intoxicação por ano, mas houve crescimento recente em São Paulo. Precisamos estar preparados para qualquer cenário”, destacou Padilha.
Casos registrados e recomendações
Segundo o Centro Nacional de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (CIEVS), já foram notificadas 59 ocorrências suspeitas em 2025: 53 em São Paulo (11 confirmadas e 42 em investigação), cinco em Pernambuco e uma no Distrito Federal. Há ainda um óbito confirmado e outros sete em apuração.
O ministro reforçou orientações à população: evitar bebidas de origem desconhecida, especialmente líquidos incolores sem procedência comprovada, e redobrar os cuidados ao consumir destilados em bares ou festas. “É essencial verificar a procedência. Não aceite bebidas de estranhos e, se beber, faça isso com moderação e responsabilidade”, alertou.
Sala de Situação e rede de diagnóstico
Instalada pelo Ministério da Saúde, a Sala de Situação terá reuniões três vezes por semana, reunindo representantes do governo federal, secretarias estaduais, conselhos de saúde, Anvisa e órgãos de segurança pública. A missão é monitorar os casos em tempo real e coordenar respostas conjuntas enquanto persistir o risco sanitário.
Para fortalecer o diagnóstico, a Rede Nacional de Laboratórios de Vigilância Sanitária mobilizou três unidades capazes de análise imediata: o Laboratório Central do Distrito Federal (Lacen-DF), o Laboratório Municipal de São Paulo e o Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde da Fiocruz. Além disso, a Anvisa identificou 604 farmácias de manipulação aptas a produzir etanol farmacêutico, que poderão atender demandas locais em todas as capitais.
Atendimento e canais de orientação
Os profissionais de saúde devem notificar imediatamente os casos suspeitos, sem aguardar confirmação laboratorial, ampliando a agilidade na resposta. Para apoio, o Ministério da Saúde mantém disponível o Guia de Vigilância em Saúde e uma nota técnica específica sobre intoxicação por metanol.
A Anvisa também disponibiliza o telefone 0800 642 9782, de segunda a sexta-feira, para atender cidadãos, profissionais e comerciantes com dúvidas sobre intoxicações e medidas de segurança.
No tratamento, além do etanol farmacêutico, o Brasil conta com a rede de 32 Centros de Informação e Assistência Toxicológica (CIATox), que funcionam como referência no diagnóstico, manejo clínico e orientação sobre casos de intoxicação química em todo o país.
Da Redação-Alô Caarapó/Informações: Ministério da Saúde
