Com um ambiente econômico favorável e cada vez mais conectado ao mundo, Mato Grosso do Sul vem ampliando suas fronteiras e exportando não apenas produtos, mas histórias de sucesso. O avanço da Rota Bioceânica — corredor que liga o Brasil ao Oceano Pacífico — está criando novas oportunidades e transformando a vida de quem decidiu empreender no Estado.
De Porto Murtinho para o mundo
Foi o que aconteceu com a empresária Bruna Coelho, que chegou a Porto Murtinho em 2019 e, com determinação e criatividade, começou a trilhar seu próprio caminho. No início, vendia roupas de porta em porta. Pouco tempo depois, abriu sua primeira loja, apostando em um nicho inusitado: pijamas personalizados, peças confortáveis e estilosas, pensadas para serem usadas em qualquer hora do dia.

O negócio cresceu, ganhou visibilidade e hoje Bruna comanda três lojas, duas em Campo Grande e uma em Porto Murtinho. Com o fortalecimento da integração regional proporcionada pela Rota Bioceânica, ela enxergou a chance de dar um passo além: levar suas criações para fora do Brasil.
Primeiras exportações para o Chile
O ponto de virada veio quando Bruna participou da Missão Global Delas, em Iquique, no Chile — evento que reuniu empresárias brasileiras interessadas em internacionalizar seus negócios. Atenta ao mercado local, ela criou uma coleção exclusiva inspirada no estilo chileno e apresentou suas peças durante a missão.
O resultado veio rápido: 300 unidades vendidas para lojas chilenas, destinadas à revenda.
“Depois dessa experiência, as negociações continuaram. Nosso foco agora está tanto em Iquique quanto em Santiago”, conta Bruna.
Empolgada com a receptividade, ela já prepara uma nova coleção voltada ao clima quente de Iquique, com camisas de proteção UV. “Estamos confiantes com essa expansão e com o que ainda está por vir”, afirma.
Comércio em expansão entre MS e Chile
As relações comerciais entre Mato Grosso do Sul e o Chile têm se intensificado. Em 2024, o Estado exportou US$ 210 milhões ao país vizinho e importou US$ 197 milhões, resultado de um comércio equilibrado e promissor.
Somente no primeiro semestre de 2025, as exportações já chegaram a US$ 134 milhões, enquanto as importações somaram US$ 96,9 milhões.
Para o governador Eduardo Riedel, o corredor bioceânico é mais do que um projeto de infraestrutura — é a realização de um sonho coletivo.
“Estamos construindo, há gerações, um caminho que integra culturas, economias e pessoas. Nosso compromisso é facilitar os negócios e criar resultados que gerem sucesso e prosperidade”, destacou.
Novas rotas, novos destinos
Animada com os resultados, Bruna planeja expandir para Assunção (Paraguai) e participar, ainda em outubro, de uma rodada de negócios em Portugal, passando por Lisboa e Porto.
“Queremos apresentar nossos produtos, conhecer outros mercados e trocar experiências. A expectativa é muito grande”, diz a empresária, que se tornou símbolo do novo perfil de empreendedores de Mato Grosso do Sul: ousados, criativos e conectados ao mundo.
O papel da Rota Bioceânica
A Rota Bioceânica é um dos maiores projetos de integração logística da América do Sul. Ela conecta o Brasil ao Paraguai, Argentina e Chile, abrindo uma saída direta para o Oceano Pacífico e os mercados asiáticos. O trajeto parte de Campo Grande, cruza o Estado até Porto Murtinho, onde está sendo construída a ponte binacional sobre o Rio Paraguai, com 80% das obras concluídas e mais de 400 trabalhadores atuando no canteiro.
Do outro lado, em Carmelo Peralta (Paraguai), o corredor segue até os portos chilenos de Antofagasta e Iquique. A expectativa é de redução de até 30% nos custos logísticos e diminuição de cerca de 15 dias no tempo de transporte em relação à rota tradicional pelo Porto de Santos.
Angela Schafer