A violência contra profissionais da saúde em Mato Grosso do Sul deixou de ser um problema silencioso para se tornar pauta prioritária no Legislativo estadual. Na próxima quarta-feira (24), às 14h, será realizada a primeira reunião da Frente Parlamentar em Defesa dos Profissionais da Saúde, na Assembleia Legislativa, marcando o início de um movimento articulado para enfrentar as agressões e fortalecer a valorização desses trabalhadores.
A iniciativa foi criada pela deputada estadual Lia Nogueira, que destacou a urgência de ações conjuntas diante do cenário preocupante. “Esta Frente Parlamentar nasce para unir forças, ouvir quem está na linha de frente e buscar soluções efetivas. Precisamos garantir que esses profissionais tenham segurança física, emocional e condições dignas para exercer seu trabalho”, afirmou.
Casos recentes mostram que a violência dentro das unidades de saúde deixou de ser exceção para se tornar rotina. Em agosto, uma enfermeira da UPA Leblon, em Campo Grande, desmaiou após ser agredida no rosto por um paciente em surto psiquiátrico. Meses antes, em Água Clara, uma enfermeira de 23 anos foi atacada a socos e xingamentos por uma acompanhante durante atendimento em hospital municipal.
Além das agressões físicas, há registros frequentes de hostilidades verbais e ameaças. Dados do Conselho Federal de Medicina (CFM) revelam que, apenas em 2024, Mato Grosso do Sul registrou 134 casos de violência contra médicos. O estado ocupa a segunda posição no Centro-Oeste nesse tipo de ocorrência, atrás apenas de Goiás. O Conselho Regional de Enfermagem também aponta subnotificação entre os profissionais da categoria, o que indica que os números reais podem ser ainda maiores.
Para Lia Nogueira, é preciso transformar indignação em ação. “Defender quem cuida da população é uma prioridade. Estamos aqui para ouvir, propor e agir, garantindo que os profissionais da saúde tenham o respeito e a proteção que merecem”, ressaltou.
O encontro de hoje é o primeiro passo de um diálogo contínuo e participativo entre parlamentares, autoridades, entidades representativas e trabalhadores da saúde. O objetivo é construir medidas efetivas que assegurem ambientes de trabalho mais seguros e livres de violência, reconhecendo a importância de quem está diariamente na linha de frente do cuidado à população.
Angela Schafer
